domingo, 3 de julho de 2011

ISSO É MUITA SABEDORIA
Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.
Clarice Lispector

quinta-feira, 16 de junho de 2011


Crônica de Martha Medeiros
Depois de um bom tempo dizendo que eu era a mulher da vida dele, um belo dia eu recebo um e-mail dizendo: 'olha, não dá mais'. 

Tá certo que a gente tava quase se matando e que o namoro já tinha acabado mesmo, mas não se termina nenhuma história de amor (e eu ainda o amava muito) com um e-mail, não é mesmo? Liguei pra tentar conversar e terminar tudo decentemente e ele respondeu: mas agora eu to comendo um lanche com amigos'. 
Enfim, fiquei pra morrer algumas semanas até que decidi que precisava ser uma mulher melhor para ele. Quem sabe eu ficando mais bonita, mais equilibrada ou mais inteligente, ele não volta pra mim?
Foi assim que me matriculei simultaneamente numa academia de ginástica, num centro budista e em um curso de cinema. Nos meses que se seguiram eu me tornei dos seres mais malhados, calmos, espiritualizados e cinéfilos do planeta. E sabe o que aconteceu? Nada, absolutamente nada, ele continuou não lembrando que eu existia. 
Aí achei que isso não podia ficar assim, de jeito nenhum, eu precisava ser ainda melhor pra ele, sim, ele tinha que voltar pra mim de qualquer jeito! 
Pra isso, larguei de vez a propaganda, que eu não suportava mais, e resolvi me empenhar na carreira de escritora, participei de vários livros, terminei meu próprio livro, ganhei novas colunas em revistas, quintupliquei o número de leitores do meu site e nada aconteceu. 

Mas eu sou taurina com ascendente em áries, lua em gêmeos, filha única! Eu não desisto fácil assim de um amor, e então resolvi tinha que ser uma super ultra mulher para ele, só assim ele voltaria pra mim. 
Foi então que passei 35 dias na Europa, exclusivamente em minha companhia, conhecendo lugares geniais, controlando meu pânico em estar sozinha e longe de casa, me tornando mais culta e vivida.
  Voltei de viagem e tchân, tchân, tchân, tchân: nem sinal de vida. 
Comecei um documentário com um grande amigo, aprendi a fazer strip, cortei meu cabelo 145 vezes, aumentei a terapia, li mais uns 30 livros, ajudei os pobres, rezei pra Santo Antonio umas 1.000 vezes, torrei no sol, fiz milhares de cursos de roteiro, astrologia e história, aprendi a nadar, me apaixonei por praia, comprei todas as roupas mais lindas de Paris. 

Como última cartada para ser a melhor mulher do planeta, eu resolvi ir morar sozinha. Aluguei um apartamento charmoso, decorei tudo brilhantemente, chamei amigos para a inauguração, servi bom vinho e comidinhas feitas, claro, por mim, que também finalmente aprendi a cozinhar. Resultado disso tudo: silêncio absoluto. 
O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele.
 
Até que algo sensacional aconteceu...
 Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher, que eu acabei me tornando mulher DEMAIS para ele. 
  Ele quem mesmo???

Martha Medeiros

"NASCEMOS E MORREMOS SÓS...........  POR ISSO A NOSSA VIDA ESTÁ EM NOSSAS MÃOS.. . É UMA BAITA SACANAGEM DEIXAR PRO OUTRO A RESPONSABILIDADE DE NOS FAZER FELIZ, POIS SOMOS TOTALMENTE RESPONSÁVEIS PELA VIDA QUE OPTAMOS TER!"

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

"Felicidade é coisa sem jeito, mas com ela eu me ajeito. Não há força para ser como eu quero, apenas acolho sua chegada quando menos espero." (Pe. Fábio de Melo)

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010



"Como é bom ser amado por pessoas que não se cansam de nós.
Extraordinário é olhar para as pessoas que me amam e perceber
que elas extraem de mim a melhor parte para que elas possam
crescer com a nossa presença e com o nosso jeito de ser."

Pe. Fábio de Melo




A civilização grega sempre teve um passo adiante dos outros povos, seja nos progressos e descobertas na matemática, lógica, na ética, estética, e em tantos outros campos... Entre eles, estavam profundamente interessados no amor e, em sua relação com a alma humana.

Platão e outros filósofos acreditavam que o amor tinha como sede a alma e, a própria alma era portanto, o amor. Ela ainda comportava três dimensões, que correspondiam ao estômago, à mente e ao coração. Os gregos rotularam esses três tipos distintos de amor de eros, filos e ágape.

O amor eros é o amor “erótico”, sexual. Contudo, o conceito grego de eros na verdade se refira a todos os apetites físicos humanos. O apetite de comida e bebida era erótico (pertencente ao domínio do estômago), assim como o apetite do sexo – que traz consigo conotações de atração, encanto, mística, química e magnetismo animal.

O amor “filos” é o encantamento pelo intelectual. Filo é amar pessoas, coisas ou idéias de maneira não sexual. O relacionamento entre um aluno e seu professor pode ser de amor fílico, assim como alguém que ama seu trabalho e tem um relacionamento fílico com sua carreira. Você ama e celebra a própria vida? Isso também é filos. Uma das expressões mais poderosas de filos é a amizade...

A terceira e maior forma de amor dos gregos é ágape – o amor que nada busca em troca. É o tipo mais raro e valioso de amor. O que torna ágape diferente de eros e de filos é sua falta de egoísmo. Eros faz as pessoas lutarem para encontrar-se ou perder-se no outro. Filos faz com que queiram identificar-se com o outro. Agapé manifesta-se sem que o eu e seus motivos atrapalhem. Receber ágape é como sentir o sol brilhando sobre nós. Não há problema se brilha também sobre os outros; pelo contrário, queremos que os outros também o sintam. Dar amor agápico é como gerar a própria luz radiante do sol... É transmitir energia.

Alguns o fazem pela oração; outros pela meditação; pelas duras lições de vidas e a aquisição de sabedoria; outros ainda, pela busca mística; pela profissão... É quase que um amor místico, é indescritível, até Freud ao descrevê-lo desabafa: “Sou incapaz de descobrir em mim mesmo esse sentimento oceânico”. Os filósofos comparavam esta experiência (ágape) à sensação de uma gota que volta ao oceano, muitas vezes acompanhada de sensações visuais de luz divina, sensações auditivas de música divina, sensações gustativas de néctar divino ou sensações táteis de ser banhado pelo amor divino...

Eu, particularmente, tenho uma nova teoria para o amor ágape... É uma evolução do amor eros mais filos. Eles não sobrevivem separadamente, tem que haver sedução, tem que haver amor aos ideais – profissão, projetos e crescimento. Enfim, o amor ágape nos permite viajar pelo mundo do outro e vice-versa, num momento de pleno êxtase...
(Fonte: Esse texto é uma releitura do capítulo seis – O que é o amor / pag. 189 - do Livro Pergunte a Platão).